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Tão importante quanto o piloto, uso da inteligência artificial pode ajudar a definir vencedores na Fórmula 1

A tecnologia está presente em praticamente todo tipo de processo que conhecemos, e no mundo esportivo não é diferente. Diversas categorias usam novas ferramentas para modernizar e aprimorar suas competições. A maior e mais prestigiada categoria do automobilismo mundial, é claro, merece seu destaque: a Fórmula 1. Teve sua primeira corrida em abril de 1950 e, em seus 73 anos de história, passou por muitas evoluções nos carros, equipes e regulamento.

O processo de incremento da tecnologia no esporte foi natural e acompanhou suas evoluções, conta Fábio Delatore, professor de engenharia elétrica da FEI. Ele cita como exemplo a telemetria, que é a utilização de sensores no carro para a coleta de dados em tempo real, além do uso dos gêmeos digitais, que consiste na virtualização dos componentes físicos para ambientes de simulação, o que permite ao piloto e à equipe predizer comportamentos do carro mesmo antes de ele entrar em pista.

E, muito antes do boom do ChatGPT e das ferramentas de IA generativa, essa tecnologia também já era aplicada na Fórmula 1. “Certamente isso já tem alguns bons anos sendo utilizado”, diz Delatore. Desde a década de 2010, pelo menos, modelos iniciais dessa tecnologia começaram a ser implementados em forma de banco de dados e telemetria dos carros, segundo ele. “A função do banco de dados, por exemplo, é complexa, extensa e muito comum em equipes de competição. Tudo é baseado no conhecimento dos especialistas que desenvolvem o carro.”

Para o professor, tudo isso é essencial para o sucesso de uma equipe na Fórmula 1 e, hoje em dia, uma boa simulação e projeto são tão importantes quanto o talento natural de um piloto que ingressa na categoria.

IA ajuda a elaborar estratégias de corrida
João Bruno Palermo, engenheiro e fundador da ZNIT.ai – empresa que oferece soluções em inteligência artificial inclusive para o mundo do automobilismo -, conta que seu objetivo principal é identificar padrões de desempenho e prever comportamentos em diferentes condições, tanto de pista quanto de pilotos, para montar estratégias ao longo de um fim de semana de corrida e, consequentemente, melhorar o desempenho e eficiência dos carros.

“O desenvolvimento dessa tecnologia pode incluir a exploração de novos métodos para coletar esses dados e elaboração de algoritmos, justamente para melhorar o desempenho e a interação entre piloto, veículo e equipe”, conta.

Palermo diz que, quanto mais sofisticado é o sistema de algoritmos de uma equipe, melhor é seu desempenho, já que as variáveis em uma corrida de Fórmula 1 podem ser praticamente infinitas. É importante que a tecnologia, e os engenheiros que a programam, consigam levar em consideração cada mínimo detalhe: temperatura ambiente, situação de pneus, potencial velocidade dos adversários, formato da pista e muitos outros. Assim, a equipe é capaz de montar diferentes estratégias para infinitos potenciais cenários, fazendo com que a tomada de decisão, juntamente com seus pilotos, tenha mais chance de acerto.

“A Fórmula 1 usa a IA como ferramenta essencial, já que o volume de dados é gigantesco. Nós conseguimos ver que identificar esses padrões, tendências e ajudar as equipes a tomar uma decisão estratégica pode aprimorar cada vez mais o desempenho dos carros e dos pilotos a partir do volume de dados que uma pessoa sem uma ferramenta de IA não conseguiria, ou tomaria muito tempo”, conta Palermo.

Parceria com Oracle
Todas as 10 equipes da Fórmula 1 contam com investimento nesse tipo de tecnologia, vindo, principalmente, de seus patrocinadores. As equipes “do topo” tendem a conseguir maiores patrocínios e, consequentemente, mais investimento. O destaque do momento é a Oracle Red Bull Racing, cinco vezes campeã no campeonato de construtores e seis no campeonato de pilotos.

Originalmente apenas Red Bull Racing, o “Oracle” no nome não é à toa. Oracle Corporation é uma empresa de tecnologia e informática especializada no desenvolvimento e comercialização de hardware e softwares e de banco de dados. O início de sua parceria com a equipe de Fórmula 1 foi em 2021 e a empresa teve seu nome incorporado à equipe no início da temporada de 2022.

Gabriel Vallejo, líder de operações e vendas da Oracle na América Latina, comenta que a colaboração entre a empresa e a Red Bull surgiu como uma parceria de negócios, e não apenas como um modo de fazer propaganda. A empresa, por meio de sua nuvem, ajuda a equipe na coleta e manipulação de dados do carro.

“Um dos principais elementos que temos com eles, usando a nossa tecnologia, é chamado de análise de Monte Carlo, uma análise preditiva que cruza milhares de dados”, Vallejo diz. “Temos centenas de milhares de combinações possíveis desses dados, onde cada mínimo detalhe conta — peso do piloto, pressão dos pneus, velocidade do adversário, condições da pista, se está mais quente ou mais fria, se vai chover ou fazer sol. A análise de Monte Carlo faz com que toda essa base de dados que está armazenada e gerenciada nessa nuvem Oracle possa ser trabalhada do ponto de vista de machine learning e inteligência artificial, que ajude a Red Bull a analisar isso de forma rápida para tomar decisões.”

A equipe construiu sua própria fábrica de desenvolvimento de motores em, aproximadamente, 12 meses. Localizada em Milton Keynes, na Inglaterra, a fábrica também marca o retorno da Ford no fornecimento de motores para a Fórmula 1, depois que o contrato da Red Bull com a Honda se encerrou, ao fim da temporada de 2022. A Ford, a Red Bull Powertrains – braço de desenvolvimento, fabricação e manutenção de motores de Fórmula 1 da Red Bull – e a Oracle trabalharam juntas para desenvolver a unidade de potência que está sendo usada nos carros da equipe neste ano.

O chefe da equipe, Christian Horner, reconheceu a melhora significativa do desempenho do time depois da implementação da tecnologia de ponta. “Nossa primeira temporada como Oracle Red Bull Racing foi uma jornada fenomenal”, disse, ao fim da temporada de 2022. “Nos beneficiamos enormemente com a tecnologia da Oracle, seja no pit wall [cabine perto da pista onde o chefe de equipe e engenheiro dos pilotos acompanham a corrida], projetando um novo motor ou interagindo com nossos fãs. Em todos os aspectos do negócio, foi um ano incrivelmente recompensador dentro e fora da pista.”

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